3 de abril de 2013

coffee


Entrei no café de sempre. Pedi o café de sempre.
Sentei-me na mesa de sempre.
Que graça há nisso?
Sentar no lugar que sentávamos juntos, pedir o café que dividíamos.
Tento pensar em outro coisa.
Abri um romance de 300 páginas. Pedia um cigarro. Mas esperei o café.
Antes de começar a ler a primeira palavra olhei pra fora, pela janela de vidro, escrito com letras desbotadas: Coffee.
Vi passarinhos comendo cascas de pão que o dono do café se dava ao trabalho toda a manhã de colocar pra fora da janela. Talvez soubesse que embelezassem tanto o café.
Pegaram as cascas e saíram a voar. Livres, e com uma casca de pão entre o bico.
Fechei o livro. Hoje não quero ler. Não quero cigarros. Não quero café.
Hoje eu quero voar livre com o que eu preciso, entre as mãos. Assim como os pássaros.
Assim como os pássaros quero embelezar a vida de alguém.

Um comentário:

  1. "Assim como os pássaros quero embelezar a vida de alguém." Só mesmo o milagre da tecnologia para possibilitar um encontro entre eu e eu descrita na descrição de alguém sobre si mesma.. rsrs

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