hoje eu estava sentada na mureta do primeiro andar e você chegou surpreso ao me ver fumar. "porque você está fazendo isso? volta pra ioga." eu queria dizer que eu briguei com o porteiro, perdi minha amiga e passei o dia inteiro dentro do ônibus lotado. mas ia parecer deprimente demais. "essa cidade tá acabando comigo." abreviei numa frase. você entendeu. disse que eu precisava ir pro mato, pra casa da minha mãe. pediu pra eu me cuidar, parar de fumar e tomar cuidado pra andar a noite. "tá todo mundo muito louco, a gente tem que tomar cuidado." eu joguei o cigarro fora e subi pra sala sentindo o gosto amargo do finalzinho do café gelado. queria descer, voltar. te dizer que vai ficar tudo bem. que a gente precisa se salvar.