19 de agosto de 2014

Não se pode explicar bem o dia e como aconteceu.
Nas vésperas das madrugadas sofre em alguma parte, de algum silêncio.
Na mesa redonda de vidro sempre há xícaras de café quente e um buraco infinito
donde dá pra ver tudo que um cadeado nunca conseguiu trancar, e vive á mostra, mesmo sem foco por conta da fumaça do cigarro e a visão estragada pela cachaça.

6 de junho de 2014

hoje eu estava sentada na mureta do primeiro andar e você chegou surpreso ao me ver fumar. "porque você está fazendo isso? volta pra ioga." eu queria dizer que eu briguei com o porteiro, perdi minha amiga e passei o dia inteiro dentro do ônibus lotado. mas ia parecer deprimente demais. "essa cidade tá acabando comigo." abreviei numa frase. você entendeu. disse que eu precisava ir pro mato, pra casa da minha mãe. pediu pra eu me cuidar, parar de fumar e tomar cuidado pra andar a noite. "tá todo mundo muito louco, a gente tem que tomar cuidado." eu joguei o cigarro fora e subi pra sala sentindo o gosto amargo do finalzinho do café gelado. queria descer, voltar. te dizer que vai ficar tudo bem. que a gente precisa se salvar.

30 de maio de 2014

talvez eu consiga explicar. talvez não. ama-lo é minha paz de espírito. está tudo sempre certo. no seu devido lugar. o mundo gira ao meu favor. e eu não temo mais o tempo. eu preciso cuida-lo. eu sinto vontade de cuidar de mim. ele joga a batata palha no pão. e antes de morder pega uma com a mão e põe na boca. olha pra mim. e eu sinto meu coração esquentar. chega a queimar. porque eu sei, eu tenho certeza, que antes dele morder o pão ele vai arrastar meu banco pra perto do dele e me beijar. e então ele arrasta meu banco pra perto do dele e me beija. eu o amo então. de uma forma sutil, verdadeira e despretensiosa.